Privacidade do usuário: as melhores práticas em pesquisa de mercado

Daniela Schermann
Privacidade do usuário: as melhores práticas em pesquisa de mercado

Já não é segredo para (quase) ninguém que nossas ações na web e no mobile se transformam em dados poderosos para os mais diversos fins. Empresas, sites, redes sociais, aplicativos e até mesmo órgãos governamentais armazenam diversas informações pessoais sobre seus usuários, seus hábitos, os lugares por onde passam, o que fazem, com que frequência e a que preço.

No entanto, o nível de transparência com que cada uma das marcas realiza a coleta, armazenamento e até o compartilhamento dos dados de seus clientes ou usuários varia muito de acordo com os princípios de cada empresa. Existem inúmeras discussões muito pertinentes sobre os limites éticos da utilização destes dados, já que até o momento não existe uma legislação clara sobre o tema.

Mas este cenário finalmente pode mudar. Está em tramitação no Congresso o Projeto de Lei sobre o Tratamento de Dados de Pessoais (PL 5276/2016), que prevê que as empresas só poderão coletar e utilizar os dados com o devido consentimento do usuário e deverão informá-lo claramente sobre a finalidade de uso. Além disso, o usuário poderá acessar suas informações ou mandar excluí-las a qualquer momento. O Projeto de Lei entende como dados não só as informações pessoais, mas também perfis de hábitos e comportamento online.

Apesar disso mudar radicalmente o cenário para diferentes estratégias e ações de marketing, desde campanhas de mídia online até a operação de diferentes sites e aplicativos, isto não significa que as empresas não poderão mais utilizar os dados. Muito pelo contrário. No evento ProXXIma deste ano, o painel “De quem é o dado?” discutiu amplamente a questão da privacidade dos dados do usuário. Ali, John de Tar, presidente da empresa norte-americana ROIx destacou que “se o usuário entrega um dado para um sistema e, em troca, recebe uma experiência interessante, ele não vai ter problema algum nisso”.

Independentemente da lei, respeitar o seu usuário é fundamental. No caso das pesquisas de mercado, a preocupação com a privacidade dos dados deve ser a mesma. Então aqui vão algumas dicas para você respeitar as informações fornecidas pelos seus respondentes:

Dados de pesquisa são confidenciais

A ESOMAR , organização mundial de pesquisa de mercado, possui um código internacional de conduta para as empresas de pesquisa de mercado e pesquisadores. No documento, a organização estabelece diretrizes de transparência, proteção dos dados e privacidade, e afirma que “pesquisadores deverão assegurar que a identidade pessoal dos entrevistados seja omitida ao cliente”, exceto quando o entrevistado tenha dado seu consentimento explicitamente e sem nenhuma atividade comercial relacionada ao fornecimento dessa compra.

Seguir essas diretrizes é muito importante para garantir inclusive a credibilidade das respostas. Por isso, procure sempre deixar claro para os seus entrevistados que as informações e as respostas fornecidas são pessoais e não serão usadas de forma individual.

Preciso de dados pessoais. E agora?

Pesquisas de mercado e opinião realizam entrevistas com diferentes pessoas para saber seus hábitos ou opiniões sobre diversos assuntos. Normalmente, não precisamos de nenhum dado pessoal do entrevistado, a não ser informações sócio-demográficas para compor o perfil do respondente.

No entanto, por algum motivo específico, sua pesquisa pode precisar de algum dado pessoal do seu respondente. Antes de pedir o dado, certifique-se de que ele é realmente necessário. Caso seja, procure sempre explicar porque você está pedindo aquela informação e deixe a pergunta como opcional. Desta forma, quem não se sentir à vontade em fornecer aquela informação, pode responder as demais perguntas do questionário normalmente.

Em último caso, se a pergunta precisar ser obrigatória, informe no início da pesquisa que o respondente irá precisar fornecer dados pessoais, quais dados serão e porque. Assim, você estará sendo transparente com os seus entrevistados, e aqueles que não quiserem compartilhar as informações não vão perder tempo começando a responder a pesquisa e desistindo no meio. As chances de que as pessoas considerem dar os dados aumentam consideravelmente também, se você agir dessa forma.

Pesquisas por email

Ao enviar pesquisas por email para uma lista de contatos, certifique-se de que todas as pessoas daquela lista em algum momento concordaram em receber e-mails da sua empresa. Desta forma, você estará respeitando as práticas anti-spam e também o seu entrevistado.

É fundamental também que todos os e-mails tenham a opção para que a pessoa se descadastre daquela lista a qualquer momento e, nem é preciso dizer, caso a pessoa clique nesta opção, a vontade dela tem que ser atendida instantaneamente.

Pesquisas mobile

Existem diferentes formas de fazer pesquisas por aplicativo, inclusive utilizando ferramentas de geolocalização, que captam as informações de localização do usuário. Neste caso, é importante também que o usuário saiba que seus dados estão sendo coletados e para quais fins.

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Internet das Coisas e Big Data

As fontes de coleta de dados para pesquisa de mercado vem aumentando com a Internet das Coisas e Big Data. Aparelhos, objetos, aplicativos, sites e redes sociais se tornam, cada vez mais, fontes de dados para que as empresas e marcas possam entender o comportamento e os hábitos do seu consumidor.

Mas a lógica continua sempre sendo a mesma: seja transparente com o seu respondente, peça permissão sem ser invasivo, ofereça a ele uma boa experiência, mostre os benefícios que aquelas informações podem trazer e respeite as vontades dele caso não haja um interesse em compartilhar os dados.
Desta forma, você irá conseguir todas as informações que precisa sem invadir a privacidade de ninguém e sem desrespeitar o seu usuário.

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