É comum dizer que vivemos em tempos de excesso de informação, de canais de comunicação e de compartilhamento exagerado de informações particulares. A internet e todas as transformações que ela traz consigo é a principal fonte dessas preocupações, se tornando o centro do debate sobre privacidade e segurança na internet.
Para entender melhor esse cenário, o Opinion Box resolveu ouvir os internautas brasileiros em uma pesquisa exclusiva sobre privacidade e segurança na internet. Logo de cara, um resultado já nos surpreendeu: De forma geral, 30% dos entrevistados avaliam que não tem sua privacidade nem um pouco respeitada na internet.
A pesquisa foi realizada em julho, com 1.884 internautas participantes do nosso Painel de respondentes. A amostra da pesquisa respeita a distribuição de internautas brasileiros por sexo, idade, classe social e região do país. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais e o grau de confiança é de 95%.
Compras online com segurança
É cada vez mais comum que façamos todo tipo de compra pela internet. Seja pelo computador ou pelos dispositivos mobile, praticamente todo produto pode chegar na sua casa a partir de poucos cliques. Conforme descobrimos na pesquisa, 86% dos entrevistados afirmaram ter o hábito de comprar pela internet. 50% disseram, ainda, ter o hábito de fazer compras especificamente via aplicativos para smartphone.
A etapa de cadastro em lojas online divide os usuários que compram pela internet. Na hora de informar os dados cadastrais a uma loja virtual, 55% disseram se sentir confortáveis em preencher os próprios dados. 40% discordam ao entregar os dados pessoais a uma loja da internet.
Seguindo a jornada de compra do consumidor, os respondentes afirmaram quão seguros se sentem ao fornecer dados de pagamento às lojas virtuais onde costumam comprar. Em compras via e-commerce, 48% disseram se sentir seguros e 8% se sentem muito seguros. Quando a compra acontece via aplicativos, a segurança ao informar dados de pagamento como número do cartão de crédito e código de segurança cai para 36% (se sentem seguros) e 7% (muito seguros).
A diferença, é claro, acompanha a própria popularização do e-commerce e do m-commerce – que vem se popularizando cada vez mais no Brasil. Para quem quer entrar no ramo do comércio online, os números servem de indicativo do que deixa os usuários mais inseguros e pode influenciar na decisão de comprar ou não em uma loja ou app.
Dados de redes sociais
As redes sociais já fazem parte do nosso cotidiano há um bom tempo – e cada vez mais. Elas são ótimas formas de manter contato com amigos, de saber o que se passa no mundo e de compartilhar o que acontece na sua própria vida. As mídias sociais são, inclusive um ótimo retrato para quem quer conhecer mais sobre comportamento do consumidor.
Por outro lado, as redes sociais têm papel importante na discussão sobre privacidade na internet. Elas são um dos principais alvos de quem se preocupa com segurança online e foi um dos pontos que quisemos explorar em nossa pesquisa.
Ao se cadastrar em uma rede social nova, apenas 28% dos usuários se sentem confortáveis em fornecer dados cadastrais, incluindo nome completo, data de nascimento etc. Isso quer dizer que, mesmo com os recordes de audiência de redes como o Facebook (e seus mais de 1 bilhão de usuários diários), os novos usuários já entram na nova mídia com certa desconfiança.
Questionamos nossos respondentes se eles se preocupam com a utilização por terceiros do conteúdo que eles compartilham em redes sociais. Ao compartilhar algo em uma rede social, 87% dos respondentes disseram se preocupar com o uso indevido de seu conteúdo por outros usuários da mesma rede social. 45% disseram, inclusive, se preocupar muito. Quando a preocupação diz respeito ao uso do conteúdo pela própria administração da rede social, os números caem um pouco, mas continuam altos. 83% disseram se preocupar, sendo que 40% se preocupam muito que a rede social faça uso de seu conteúdo compartilhado.
Monitorados pelo governo?
Diante da sensação de insegurança e falta de privacidade online, a quem cabe monitorar essas questões? Aparentemente, não seria aos órgãos governamentais. Em tempos de discussão impulsionada pelo Marco Civil da internet, 73% dos entrevistados acreditam que não, o governo não deve ter o poder de acessar, armazenar e analisar dados de utilização dos usuários de internet no Brasil.
Diante dessas informações fica não só a reflexão, mas o desafio de estabelecer diretrizes que ofereçam aos usuários segurança e privacidade, sem perder o caráter de liberdade que a internet já tem.
Para acompanhar mais resultados de pesquisas realizadas pelo Opinion Box, é só acompanhar aqui no blog. Para fazer sua própria pesquisa e encontrar resultados interessantes como esse, conheça nosso Painel de respondentes.