Como perguntar gênero em uma pesquisa? Confira dicas práticas

Graziela Casagrande
Como perguntar gênero em uma pesquisa? Confira dicas práticas

Ao criar um questionário, é importante pensar em todos os entrevistados. Um dos pontos mais desafiadores é garantir que as perguntas sejam inclusivas, especialmente no que diz respeito à identidade de gênero. Embora na maioria das vezes seja uma pergunta padrão, muitas pessoas ainda ficam em dúvida sobre como perguntar gênero em uma pesquisa, de maneira respeitosa e inclusiva.

Quando coletamos dados, é importante fazer as perguntas da melhor maneira para garantir que ninguém se sinta excluído ou desconfortável. Isso não só ajuda a tornar a pesquisa mais inclusiva, mas também traz mais precisão aos dados coletados, principalmente quando a pesquisa de mercado tem foco em destacar os diferentes resultados entre os gêneros.

Neste post, vamos explicar um pouco mais sobre como perguntar gênero de forma simples e inclusiva, levando em conta a diversidade de pessoas e identidades. Continue a leitura para saber mais!

Por que criar questionários inclusivos?

Ao criar uma pesquisa de mercado, você deve pensar em todo o seu público. Sendo assim, é importante sempre ter empatia e respeito com quem vai responder a sua pesquisa. 

Quando a pesquisa é inclusiva, ela reflete melhor a diversidade do público, oferecendo informações mais valiosas para quem está tomando decisões com base nesses dados.

Tendo acessibilidade para todos, você garante que todos os entrevistados estão sendo valorizados, sempre garantindo o compromisso de sua empresa com a diversidade, igualdade e inclusão.

Em um contexto onde a diversidade é cada vez mais valorizada, mostrar que a marca se importa com isso é um diferencial importante. São pequenos detalhes que fazem a diferença.

Preciso perguntar sobre gênero? 

Saber as diferenças nas respostas entre gênero pode trazer muitos benefícios. Quando incluímos perguntas de gênero, conseguimos identificar padrões entre os consumidores e comportamentos diferentes que ajudam a entender melhor as necessidades e desejos de cada grupo.

Esse tipo de insight pode ser super útil para marcas e empresas que querem soluções ou comunicações mais alinhadas com o que o público realmente busca.

Veja alguns exemplos de como essas diferenças podem aparecer em pesquisas:

  • Na nossa pesquisa Saúde Mental em foco, feita em parceria com a Vittude, quando perguntamos sobre acompanhamento psicológico, chegamos no resultado que apenas 9,6% dos homens estão em terapia ou recebem algum tipo de acompanhamento profissional. Esse número é bem menor se comparado às 17,3% das mulheres que fazem o mesmo. Isso mostra como os gêneros lidam de formas diferentes com a saúde mental.
  • Outro dado interessante é que na nossa pesquisa sobre Influenciadores Digitais descobrimos que 82% das mulheres seguem influenciadores nas redes sociais. Esse comportamento mostra como as mulheres estão mais conectadas a esse universo digital e como a influência das redes sociais afeta suas escolhas de consumo.
  • Quando falamos de atividade física, os resultados da nossa pesquisa Corpo em Movimento relevam que 38% dos homens preferem montar seus próprios treinos, enquanto apenas 23% das mulheres fazem o mesmo. Isso sugere que os homens tendem a ser mais independentes quando se trata de treinar, enquanto as mulheres podem preferir buscar mais orientação ou auxílio. Para academias e empresas de fitness, esses dados ajudam a entender melhor como criar ofertas mais personalizadas para cada público.

Esses exemplos deixam claro que as respostas podem variar bastante dependendo do gênero. Mas a grande pergunta é: será que eu preciso mesmo perguntar gênero em todas as minhas pesquisas? A resposta depende do que você quer descobrir com a pesquisa.

Se o objetivo for entender como os diferentes grupos consomem um produto ou serviço, ou se a pesquisa busca informações mais detalhadas sobre comportamentos distintos, perguntar sobre gênero vai trazer insights importantes. Mas, em outras situações, talvez essa pergunta não seja necessária.

O importante aqui é pensar se saber a diferença entre os gêneros vai realmente agregar algo à sua pesquisa e ao seu objetivo. Se sim, vale a pena incluir a pergunta. Se não, talvez seja melhor focar em outras variáveis que tragam mais resultados para o seu estudo.

Qual perguntar: sexo ou gênero? 

Na hora de criar um questionário, muita gente fica em dúvida: perguntar sobre sexo ou sobre gênero? Antes de montar essa pergunta, você deve entender a diferença entre cada um dos termos para não cometer nenhum erro.

Quando falamos sobre o sexo, estamos levando em conta apenas aquilo que foi atribuído no nascimento, os genes e hormônios. Com essa pergunta, você estará limitando as pessoas em apenas duas categorias: masculino e feminino. 

Já o gênero é o modo como o indivíduo se identifica com o seu eu, sua identidade. É como ela se sente e se expressa no mundo, e isso pode ser diferente do sexo que lhe foi atribuído ao nascer. Em outras palavras, é como a pessoa se reconhece: homem, mulher, transgênero, não-binário, entre outros.

Se o foco da pesquisa é algo mais relacionado ao sexo biológico, como em estudos médicos ou pesquisas específicas, perguntar o sexo faz mais sentido.

Mas, se você está buscando entender padrões comportamentais ou outras análises baseadas em fatores sociais e culturais, perguntar gênero vai te dar uma visão mais ampla.

Perguntar o gênero costuma ser mais adequado do que perguntar o sexo. Isso porque o sexo pode não representar a maneira como um entrevistado se reconhece.

Identidades de gênero

A forma como nos identificamos e somos reconhecidos pela sociedade tem um grande impacto em nossas vidas. O gênero pode afetar diretamente o nosso comportamento e até mesmo o cotidiano. 

Sabendo como perguntar gênero em uma pesquisa, damos voz às pessoas que não se enquadram nos padrões estabelecidos, dando espaço para que elas também expressem as suas opiniões. Aqui vai uma breve descrição sobre algumas identidades:

  • Cisgênero: pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído no nascimento;
  • Transgênero: pessoa que se identifica com um gênero diferente do que lhe foi atribuído no nascimento;
  • Travesti: identidade de pessoa que foi designada homem no seu nascimento, mas se entende como uma figura feminina. Por muito tempo considerado um termo pejorativo, hoje vem sendo ressignificado;
  • Não-binário: pessoas que não se identificam exclusivamente como homem ou mulher. Elas podem se ver como uma mistura de ambos, como nenhum dos dois ou como algo diferente;
  • Gênero fluido: Refere-se àqueles que têm uma identidade de gênero que pode mudar ao longo do tempo ou contexto;
  • Agênero: Pessoas que não se identificam com nenhum gênero em particular. Para elas, o gênero pode não fazer parte de sua identidade ou vivência.

É importante destacar intersexo é um termo que não deve ser confundido com identidade de gênero: intersexo refere-se a pessoas que nascem com características físicas, como cromossomos, genitais ou outras diferenças biológicas, que não se encaixam nas definições tradicionais de “masculino” ou “feminino”. 

Além disso, vale lembrar que orientação sexual não tem relação com a identidade de gênero. Enquanto a identidade de gênero diz respeito ao “quem eu sou”, a orientação sexual refere-se a “quem eu amo”. Uma pessoa pode ser heterossexual, homossexual, bissexual, assexual, entre outras orientações, independentemente de sua identidade de gênero.

Como redigir a pergunta sobre o gênero? 

Quando você vai perguntar sobre o gênero em uma pesquisa, o mais importante é garantir que todos se sintam confortáveis e respeitados na hora de responder. A identidade de gênero é algo bem pessoal, e muitas vezes as pessoas podem não se identificar nas opções tradicionais de “masculino” ou “feminino”.

Uma boa prática é sempre oferecer a opção “outro” pois permite que quem não se identifica com os gêneros tradicionais tenha a oportunidade de se expressar da maneira que se sente mais à vontade.

Além disso, é importante considerar também que muitas pessoas estão em processo de descoberta sobre sua identidade de gênero, por isso, incluir uma opção como “prefiro não responder” também é fundamental. Assim, quem não se sente confortável em compartilhar sua identidade ou ainda está se descobrindo pode simplesmente optar por não se pronunciar, sem se sentir pressionado.

Como sugestão, você poderia perguntar:

Qual o seu gênero?

Feminino
Masculino
Prefiro não dizer
Outro. Qual? ____________

Esse modelo garante que você esteja respeitando todas as identidades, sem excluir ninguém. Quando você dá essas opções, está criando um espaço mais inclusivo e representativo, o que torna a pesquisa mais rica e as respostas mais precisas. E, acima de tudo, está mostrando respeito pela diversidade de identidades.

Podemos te ajudar com a sua pesquisa

Se você chegou até aqui e ainda está com dúvidas sobre como estruturar sua pesquisa de mercado ou não tem certeza de qual caminho seguir para obter os melhores resultados, saiba que a equipe do Opinion Box pode te ajudar.

Criar uma pesquisa eficaz pode ser um desafio, mas nosso time de especialistas tem a experiência necessária para guiar você em cada etapa do processo.

Seja para definir as perguntas, estruturar o questionário ou interpretar os resultados, estamos prontos para ajudar a transformar suas ideias em pesquisas que realmente tragam informações úteis e confiáveis.

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