Pesquisa online e eleições: muito além da intenção de voto

Daniela Schermann
Pesquisa online e eleições: muito além da intenção de voto

Em um ano marcado por impeachment, olimpíadas, crises e manifestações, está até difícil se lembrar, mas também teremos eleições municipais.

E essas eleições trazem algumas mudanças significativas em relação aos anos anteriores: o período de campanha eleitoral será de apenas 45 dias, e não mais 90, e o financiamento eleitoral por pessoas jurídicas está proibido.

Neste cenário, como as pesquisas de opinião podem ajudar os candidatos a prefeito e vereador?

Nas últimas eleições, os institutos não conseguiram acompanhar as reviravoltas da disputa eleitoral nas pesquisas de intenção de voto. Foram comuns as diferenças entre pesquisas e o resultado das urnas.

Ainda que seja questionada a metodologia ou lisura dos resultados, acontece que o processo eleitoral tem se tornado cada vez mais marcado por mudanças repentinas. Qualquer notícia, fala do candidato ou até mesmo boato ganha proporções enormes e traz impactos gigantescos na popularidade do candidato.

Em um mundo altamente conectado, conteúdos relevantes tendem a viralizar muito mais. No cenário brasileiro onde, por diferentes motivos, a população em geral vem acompanhando e participando mais da política desde as manifestações de 2013, essa hiperconexão se torna ainda maior.

Com nossa tendência de transformar tudo em humor em poucos segundos, a viralização fica mais potencializada.

Assim, para as pesquisas de intenção de voto, fica mesmo difícil de acompanhar, já que entre a coleta e a divulgação dos resultados muita coisa pode acontecer. Não por acaso, o instituto norte-americano Gallup anunciou que não realizará pesquisas de intenção de voto este ano.

Por aqui, não há nenhum indício de que as pesquisas de intenção de voto não vão acontecer. Mas os institutos já avisaram que as variações serão ainda mais intensas do que em 2014.

As pesquisas online, nesse cenário, podem ter um papel fundamental para auxiliar os candidatos e aproximá-los dos seus eleitores.

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Com menos recursos e tempo para se tornarem conhecidos e relevantes, os candidatos precisam ser extremamente assertivos em suas campanhas.

Nesta disputa, a internet passará a ter um papel ainda mais relevante do que já teve nas eleições anteriores.

Os candidatos vão aproveitar não só as redes sociais, mas canais como WhatsApp e Telegram, para transmitir suas mensagens. Memes, vídeos, fotos e gifs vão invadir as telas dos brasileiros para conseguir um minuto de atenção.

Na batalha pela atenção do eleitor e pelo seu voto, será mais importante do que nunca saber o que dizer e como dizer.

Os candidados a vereador que conseguirem abraçar causas e pautas relevantes para a população terão mais chances de se destacar. E a pesquisa de opinião pode ser um grande aliado neste processo.

Veja três formas de pesquisas online que devem ganhar destaque nesta campanha e que não tem nada a ver com intenção de voto:

Ouvir a população

Parece tão simples, mas às vezes nos esquecemos de fazer exatamente o trivial. Um vereador ou prefeito deve atender os anseios da população.

E a melhor forma de saber quais são esses anseios? É claro que é perguntando diretamente para ela.

As pesquisas online são a forma mais barata e rápida de conseguir descobrir o que os eleitores pensam sobre diferentes temas. Mobilidade urbana, saúde e educação, quais obras consideram mais importantes e quais sugestões tem para o seu bairro ou região. Essas informações ajudam o candidato a definir as diretrizes de sua campanha, seus discursos e plano de governo.

Avaliação de campanha

Já é bem recorrente a realização de grupos focais para avaliar os programas de televisão e debates entre candidatos. Com as pesquisas online, é possível avaliar também peças publicitárias, vídeos, entrevistas, slogans e até mesmo o plano de governo.

Como os resultados são extremamente rápidos, pode-se adaptar as peças de acordo com os resultados e evitar um entendimento errado das propostas.

Pesquisa de imagem

Talvez esta seja a pesquisa mais importante que um candidato precise fazer, antes mesmo de começar a campanha.

Em tempos em que o sistema político como um todo está com a imagem prejudicada, é importante saber qual a imagem do candidato junto à população.

Com uma pesquisa de imagem bem feita, é possível identificar quais os pontos do candidato que precisam mais ser trabalhados, quais características em potencial podem ser exploradas. Resumindo, o que agrada e o que desagrada o eleitor.

Será uma verdadeira corrida eleitoral. Apenas 45 dias para convencer um eleitor cada vez mais bem informado, participativo, exigente, descrente do sistema político e ansioso por mudanças e por candidatos que realmente representem a sua vontade. É melhor se preparar.

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