Como você se sente ao ser picado por um pernilongo? Há pouco tempo, as respostas para esta pergunta provavelmente iriam variar entre o indiferente e o irritado, já que ninguém gosta daquela coceira insistente no corpo. Mas hoje, com o surto de doenças causadas pelo mosquito Aedes Aegypti, a preocupação tornou-se o sentimento predominante.
Em uma pesquisa que realizamos em fevereiro, quisemos medir esta preocupação, e descobrimos que 76% dos entrevistados ficam preocupados ou muito preocupados de ter contraído uma doença ao ser picado por um inseto.
Participaram da pesquisa 1.983 internautas acima de 16 anos, de todas as classes sociais e de todas as regiões do Brasil. Os dados revelam o que as pessoas pensam sobre o problema da dengue, zika e chikungunya no país e como estão se comportando diante da ameaça do mosquito.
Um dos dados que mais chama a atenção é que metade dos entrevistados afirmam que provavelmente ou com certeza as Olimpíadas do Rio de Janeiro deveriam ser canceladas para evitar que o surto de doenças se espalhe pelo resto do mundo.
Zika e gravidez
Ainda falta muito a se descobrir sobre a relação entre o zika vírus e a gravidez, mas é inquestionável que o surto da doença gerou um aumento exponencial nos casos de bebês com microcefalia. Por causa deste cenário, 64% dos entrevistados afirmaram que provavelmente ou com certeza adiariam os planos de engravidar neste momento, 14% não sabem que conduta adotariam e apenas 22% responderam que com certeza ou provavelmente não adiariam a gravidez.
Além disso, a pesquisa descobriu que o tema da interrupção da gravidez continua longe de ter um consenso na população: 55% são contra a autorização do aborto para as grávidas que contraírem o zika vírus antes da confirmação de microcefalia no feto. 21% são a favor e 24% não tem opinião formada sobre o assunto.
Recomendado para você: Pesquisa Opinion Box revela o que o brasileiro pensa sobre o aborto
Dengue, Zika ou Chikungunya?
A preocupação é grande: 86% consideram muito grave a epidemia de Aedes Aegypti que o país está vivendo e 12% consideram pouco grave. Das três principais doenças transmitidas pelo mosquito, a Zika é considerada a mais preocupante por 68% dos entrevistados. Dengue e Chikungunya ficam empatadas com 16% cada.
51% dos entrevistados conhecem alguém que já teve alguma das doenças. Ainda assim, as pessoas estão otimistas, e apenas 7% acreditam que provavelmente ou com certeza contrairá alguma das doenças nos próximos seis meses. 51% afirmam que provavelmente ou com certeza não pegará nenhuma doença, e 42% preferiram não responder.
Avaliando o quadro daqui 12 meses, as opiniões se dividem: 36% dos entrevistados acham que estaremos com um cenário de epidemia pior do que o atual; 30% entendem que estará igual e 34% avaliam que estará melhor do que agora.
Combate e prevenção
A população se mostrou disposta a ajudar na guerra contra o mosquito. 80% dos entrevistados permitiriam a entrada dos agentes em suas residências; 17% disseram que autorizariam desde que acompanhados por um agente público de segurança e 1% não deixaria o agente entrar.
57% afirmaram que receberam a visita de um agente comunitário de saúde para controle do Aedes Aegypti nos últimos seis meses. 39% dos entrevistados mencionaram não ter recebido, ainda, a visita e 4% não souberam responder ou não se lembram.
Apesar de estarem dispostos a deixar o agente entrar em suas casas, 82% dos entrevistados disseram que com certeza ou provavelmente suas casas não apresentam focos de proliferação do Aedes Aegypti.
Atuação do governo e da população
O governo (municipal, estadual ou federal) foi melhor avaliado do que a população no combate e prevenção ao mosquito.
21% das pessoas acham as ações do governo boas ou excelentes, e apenas 10% avaliaram a população da mesma forma. 39% consideram regulares a atuação do governo e 41% a da população. Por fim, 39% acham ruim ou péssima as ações do governo, e 49% as da população.
Para finalizar, a pesquisa realizada pelo Opinion Box quis saber se as pessoas tomariam a vacina experimental contra dengue, caso ela realmente fique pronta em 2017. Resultado: 74% dos respondentes acenaram que com certeza ou provavelmente tomariam; 11% disseram que com certeza ou provavelmente não tomariam e 14% não souberam responder.
A pesquisa mostra que as pessoas estão preocupadas e dispostas a contribuir com o combate a dengue, mas poucas acham que realmente podem fazer alguma coisa, já que a grande maioria acha que a sua casa não é foco da doença.
Veja os resultados de outras pesquisas realizadas pelo Opinion Box aqui.