A legalização do aborto é um dos temas mais discutidos atualmente pela sociedade. Convicções políticas, religiosas e morais tornam a discussão sempre bastante acalorada, com fortes argumentos contra e a favor da interrupção da gravidez. No Brasil, é claro, não é diferente: diversos grupos debatem em todas as instâncias sobre a possibilidade de se abortar no país. Por isso, aqui no Opinion Box resolvemos realizar mais uma pesquisa exclusiva para entender a visão do brasileiro sobre o assunto.
Recorremos ao nosso Painel de Respondentes e entrevistamos 1814 internautas brasileiros durante o mês de setembro. A pesquisa respeita as proporções de sexo, faixas etárias, classes sociais e distribuição por regiões do país. A margem de erro é de 2,3pp e o intervalo de confiança é de 95%.
Confira os principais resultados da pesquisa sobre aborto no Brasil:
Lei do aborto no Brasil
Atualmente, o aborto é considerado como crime contra a vida humana na legislação brasileira. Porém, a prática não é considerada crime em situações específicas, quando há risco de vida para a mulher causado pela gravidez, quando a gravidez é resultado de um estupro ou se o embrião for identificado como anencéfalo (sem formação do cérebro e cerebelo).
O que a pesquisa mostra é que muitos brasileiros não sabem da legislação atual. Quando questionados sobre o assunto, 34% afirmaram não ter conhecimento da lei sobre aborto no Brasil. O número é um pouco menor entre mulheres (32%) do que entre homens (37%). Analisando os dados por classe social, a diferença fica um pouco mais evidente: Na classe AB, 71% tem conhecimento sobre a lei, na classe C são 67%, enquanto nas classes DE o índice cai para 60%.
Aborto clandestino no Brasil
Os abortos clandestinos, ainda que criminalizados e sem perspectiva de legalização, acontecem em grandes quantidades. De acordo com dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS, a rede pública chega a atender 100 vezes mais casos de pós-abortos clandestinos do que realiza o procedimento legalmente. Entre os entrevistados da nossa pesquisa, 29% afirmam conhecer pessoas que fizeram abortos ilegais. Em 3% das respostas, foi a própria respondente ou a parceira do entrevistado quem passou por um aborto.
Em quais situações legalizar (ou não) o aborto
Para ampliar a discussão sobre a legalização do aborto no Brasil de forma mais ampla, resolvemos investigar mais a fundo as situações em que a interrupção da gravidez poderia ser legalizada no Brasil.
Entre os favoráveis ao aborto, questionamos quais situações eles defendem que poderia haver interrupção da gravidez. O estupro foi a causa apontada por mais entrevistados: 91%. Em seguida vieram riscos de vida para a mãe (85%), fetos anencéfalos (82%), e outros casos de má-formação grave (74%). O diagnóstico de microcefalia, doença que teve muitos casos identificados no Brasil no último ano, foi indicado por 29% dos respondentes.
Com menos aceitação vieram as hipóteses de quando a mãe não tem condições financeiras para criar o filho (16%), gravidez indesejada (6%) e caso os pais sejam menores de idade (3%). Outros 2% afirmaram outros motivos, como sistema nervoso ainda não formado no feto, mãe com HIV e até Síndrome de Down detectada no bebê.
Aborto legalizado = maior quantidade de abortos?
Passando por todas as razões para justificar a interrupção da gravidez, perguntamos também o que os brasileiros acreditam que aconteceria se o aborto fosse legalizado. 62% acreditam que o número de abortos aumentaria no país, sendo que 44% acham que aumentaria muito. 15% acreditam, por outro lado, que o número poderia cair. Os 23% restantes acham que os abortos realizados, legal ou ilegalmente, se manteriam em mesma quantidade.
Posicionamento de políticos sobre aborto
E como o debate político tem batido bastante de frente com a questão da legalização do aborto, resolvemos investigar também esse ponto. Perguntamos na pesquisa se a posição de um político em relação ao aborto influencia os respondentes na hora de votar. Dos 1814 entrevistados, 51% disseram que sim, a posição do candidato em relação ao aborto influencia na hora de votar. Outros 24% são indiferentes à questão e os 25% restantes afirmaram que não, a posição sobre aborto não influencia na escolha dos representantes políticos.
Aborto pelo SUS?
Atualmente o SUS atende e realiza abortos nos casos especificados pela lei vigente, como por exemplo as vítimas de estupro. No caso de estupro, o procedimento é realizado, inclusive, independentemente de registro policial.
Em um cenário hipotético de legalização do aborto, perguntamos o que o brasileiro acha que devia ser realizado pelo SUS. 45% dos entrevistados acredita que deveriam ser mantidos apenas os procedimentos que já são realizados atualmente. 25% acreditam que todos os casos deveriam ser atendidos pelo SUS no caso da legalização do aborto. 20% julgam que nenhum procedimento deveria ser realizado pelo SUS, enquanto outros 10% não souberam ou preferiram não opinar.
Mais resultados
No ano passado, em parceria com a Expertise, também realizamos uma pesquisa sobre o aborto no Brasil. Os resultados da primeira pesquisa você pode conferir neste post.
Quer conferir mais resultados de pesquisas que realizamos? É só conferir aqui. Para realizar suas próprias pesquisas, cadastre-se agora mesmo no Opinion Box. O cadastro é rápido e gratuito, é só clicar no banner abaixo.