Ser mulher no Brasil não é fácil. Estamos longe de alcançar a igualdade de gênero em diversos aspectos: carreira, política, educação e cultura. Ainda assim, as mulheres brasileiras são exemplos de resistência e luta por uma sociedade mais justa.
Além disso, por mais que a igualdade de gêneros ainda não tenha sido alcançada, alcançamos grandes conquistas nas últimas décadas e seguimos nessa luta.
Dessa forma, para compreender melhor sobre das mulheres brasileiras e o mercado de trabalho, a luta por direitos e as relações de consumo, o Opinion Box elaborou um relatório de pesquisa exclusivo.
Confira neste post os principais destaques do Relatório Mulheres Brasileiras.
O Dia Internacional da Mulher
No dia 8 de março celebramos o Dia Internacional da Mulher. O dia homenageia a luta e as realizações das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens.
O início para a celebração dessa data foi em 1908, quando 15 mil mulheres saíram pelas ruas de Nova York para exigir direitos iguais e melhores condições de trabalho. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional da Mulher.
A ideia de tornar o dia internacional partiu de uma mulher chamada Clara Zetkin, ativista comunista e defensora dos direitos das mulheres. Ela sugeriu a ideia em 1910 em uma Conferência Internacional de Mulheres Trabalhadoras em Copenhague.
A celebração deste dia serve como um lembrete da importância da igualdade de gênero e dos direitos das mulheres, que são fundamentais para o desenvolvimento e progresso de uma sociedade justa e igualitária.
Mulheres brasileiras, carreira e o mercado de trabalho
As mulheres têm sido historicamente excluídas de certos setores e cargos, e muitas vezes enfrentam barreiras como o preconceito de gênero, a falta de flexibilidade no ambiente de trabalho e a falta de suporte na conciliação da vida profissional e pessoal.
Pesquisas mostram, inclusive, que mulheres costumam ganhar menos do que homens em cargos semelhantes.
Um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a importância da legislação de transparência salarial apontou que, globalmente, as mulheres ganham salários, em média, 20% menores do que os homens.
Mulheres brasileiras que sustentam seus lares
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de lares brasileiros sustentados financeiramente por mulheres aumentou de 25%, em 1995, para 45% em 2018.
Um dos principais motivos para essa ascensão foi o aumento da participação feminina no mercado de trabalho.
No entanto, como podemos perceber, por mais que as mulheres estejam mais presentes no mercado de trabalho, a desigualdade infelizmente ainda é enorme. Segundo o Relatório Mulheres Brasileiras, 50% das empresas têm menos mulheres em cargos de liderança.
Além disso, a pesquisa também mostra que 71% acham que em geral as mulheres têm condições e oportunidades piores que os homens no mercado de trabalho.
Sendo assim, em um país no qual praticamente metade dos lares são comandados por mulheres brasileiras, é urgente que o mercado de trabalho seja menos desigual.
Gravidez e maternidade no trabalho
A gravidez e a maternidade são experiências transformadoras na vida de uma mulher. No entanto, elas também podem trazer desafios significativos para as mulheres que trabalham fora de casa.
Afinal, muitas delas enfrentam discriminação no local de trabalho durante a gravidez e após o nascimento de seus filhos, incluindo falta de proteção contra demissão, redução de salário, menos oportunidades de promoção e falta de flexibilidade no trabalho para acomodar as necessidades das mães.
O que a pesquisa mostra é que os obstáculos das mulheres começam antes mesmo de entrar em uma empresa. Desse modo, mais de 60% das mulheres já foram perguntadas se são mães em uma entrevista de emprego. Para as lideranças da empresa, fica a provocação: além de enxergar a maternidade como barreira, qual o motivo por trás dessa pergunta?
Além disso, 40% das mulheres já foram perguntadas se estão grávidas ou se pretendem engravidar no momento da entrevista para uma vaga. Ambos os dados relacionados às entrevistas podem estar ligados a estatísticas mais preocupantes. Nesse sentido, 38% das mulheres disseram já ter perdido uma oportunidade de trabalho por serem mães e 13% por estarem grávidas.
As mulheres brasileiras e o machismo no país
O machismo é um conjunto de comportamentos que colocam o homem em uma posição de superioridade em relação às mulheres. Ele se baseia em estereótipos de gênero e na crença na existência de que os homens possuem características superiores.
Dessa forma, essas atitudes podem incluir a crença de que as mulheres são inferiores, emocionais, irracionais e que sua principal função é cuidar do lar e da família, além de serem objeto sexual dos homens.
Infelizmente o machismo ainda acontece no mundo inteiro, sem exceções. No relatório, conversamos com mulheres e homens para entender a forma como é visto o machismo e questões relacionadas aos direitos das mulheres.
O que chamou mais a atenção foi a diferença na percepção de homens e mulheres sobre o machismo no país:
Esses dados levantam algumas reflexões: os homens percebem menos o machismo porque não sofrem com isso ou porque eles mesmos são machistas e não percebem esses comportamentos?
O que as mulheres brasileiras esperam sobre as marcas?
Buscamos entender na pesquisa quais são as opiniões das mulheres brasileiras enquanto consumidoras. No fim das contas, as marcas precisam se lembrar que as mulheres, enquanto público, têm suas próprias necessidades e desejos.
Sem se aproveitar das pautas de luta das mulheres, então, ainda existe espaço para marcas que vão tratá-las da forma que elas esperam como clientes.
Desse modo, de acordo com a pesquisa, metade das mulheres entrevistadas afirmaram que as marcas precisam parar de objetificar as mulheres nas campanhas publicitárias.
Além disso, é fundamental entender que as mulheres estão cansadas dos estereótipos. Para as marcas, a dica mais valiosa é deixar de associar a mulher – e o Dia Internacional da Mulher, também – apenas a produtos de beleza, roupas e cuidados com a casa.
A imagem de feminilidade, nas quais as marcas costumam se apoiar, ficou ultrapassada. Segundo o relatório, 50% das mulheres acreditam que as marcas precisam parar de reproduzir estereótipos sobre a imagem feminina que está sempre associada à beleza, consumo e feminilidade.
Relatório Mulheres Brasileiras: sobre a pesquisa
Por fim, a pesquisa sobre as mulheres brasileiras foi realizada em fevereiro de 2023 com 2.126 pessoas pela internet, sendo 1.113 mulheres, respeitando os critérios de região, faixa etária e classe social. A margem de erro é de 2,2pp.
O compartilhamento dos dados e análises contidos no relatório são permitidos tanto em documentos públicos quanto privados, desde que acompanhados do devido crédito à fonte: Opinion Box – Relatório Mulheres no Brasil – Março de 2023.
Acesse agora o relatório gratuito com os dados na íntegra: